Estereótipos
Como muitos profissionais de Relações Internacionais, movidos por um forte espírito cosmopolita à la Kant, sempre me interessei pelas questões relacionadas à diversidade e quis entender como o mundo funciona, de acordo com as perspectivas de cada comunidade. A curiosidade me trouxe à França para estudar Gestão Intercultural há 2 anos, e essa experiência tem sido revolucionária para mim.
A parte mais interessante de estudar interculturalidade é que o aprendizado não se limita à sala de aula: aprendi bastante convivendo com pessoas dos quatro cantos do planeta, e essa troca de vivências foi o que, de fato, mais me ensinou sobre como a humanidade se organiza. Durante a minha trajetória universitária e minhas andanças intercontinentais, um dos temas mais abordados não só na academia, mas também por grande parte das pessoas que encontrei, foram os estereótipos: todos tinham um certo conhecimento sobre o assunto, mas, afinal, o que o termo significa?
Em uma definição tímida, estereótipos são ideias preconcebidas compartilhadas pelo senso-comum dentro de um determinado grupo social.
Os estereótipos podem ser relacionados aos gêneros, religiões, culturas, dentre outras categorias. Normalmente, quando se aborda a temática, tem-se uma imagem bastante negativa do vocábulo, que é relacionado a questões de discriminação e preconceito. No entanto, o que muitos ignoram é que apesar da estigmatização que, infelizmente, pode vir a acontecer a partir da estereotipação, esse mecanismo também tem uma função cognitiva importante, que possibilita, inclusive, a vida em sociedade: neurocientistas comprovaram que o cérebro humano funciona a partir de categorizações de objetos, atitudes, gestos e experiências.
Assim, estereotipar torna-se inevitável, pois temos a tendência de agrupar certas características e, baseado nelas, construir expectativas sobre o comportamento alheio. Esse processo ajuda a minimizar incertezas e reduzir ansiedades diante de contatos interpessoais. A ideia de se deparar com uma situação desconhecida é bastante amedrontadora, e se temos um mínimo de conhecimento, mesmo que genérico e incompleto, construímos uma certa zona de conforto para lidar com contextos desafiadores.
A questão que permanece, então, é a seguinte:
Como não permitir que as categorizações limitem a nossa visão sobre as pessoas e horizontes culturais?
A resposta é simples e reconfortante: devemos investir em um contato personalizado, isto é, buscar estar abertos a conhecer, de fato, a individualidade de cada um, independentemente de rótulos. Assim, uma boa conversa, regada a doses de empatia e generosidade, possibilita entender verdadeiramente quem é o outro, e como ele ou ela enxerga a vida. Incrível, né? Que estejamos sempre dispostos a conhecer em profundidade, respeitando a natureza de cada um.
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