Traduzido por: Gresoiu Diana
Não há nome mais amado, mais temido, mais invejado, mais detestado, mais odiado, ou seja, mais controverso do que o de Ana Bolena, a rainha da Inglaterra entre os anos 1533-1536. A jovem heroína romântica teve um papel essencial no centro da maior queda cultural da história europeia, mas quem foi esta figura emblemática que trouxe mudanças sociais, políticas e religiosas para a Inglaterra?
Foi a segunda esposa de Henrique VIII, mas “a primeira” por muitos outros motivos: a primeira mulher que causou um divórcio na monarquia inglesa (entre Henrique e a sua primeira esposa, Catarina de Aragão), a primeira rainha da Inglaterra coroada com a coroa do Santo Eduardo (era usada para o coroação dos monárquicas), a primeira mulher no reino, pelo casamento com Henrique e a primeira rainha da Inglaterra a ser decapitada.
Sobre suas ideias, seu modernismo, sua coragem e seu poder foram escritos muitos livros e foi imortalizada em vários filmes e séries, como The Tudors, The Other Boleyn Girl, Wolf Hall, Henry VIII e His Six Wives, apesar dos esforços de Henrique VIII de removê-la definitivamente da história.
Ana Bolena e Henrique VIII: ligações perigosas
A sua educação realizada foi baseada nas mais influentes mulheres da época:A rainha Cláudia de Valois, Margarida de Angolema, a filha de Luísa de Saboia (Duquesa de Nemours), a rainha Maria Tudor da França, Catarina de Aragão, dando-lhe a coragem e decisão de tornar-se uma mulher poderosa. A irmã de Ana, Maria Bolena, foi a amante do rei Henrique VIII, desta maneira a família Bolena começou a ter uma vida mais alegre e mais confortável. Embora Maria fosse considerada a irmã mais bonita, não permaneceu a namorada preciosa do rei da Inglaterra por muito tempo.
O ponto de virada foi a 4 de março de 1522, quando Ana Bolena fez a sua estreia à corte do rei Henrique VIII no papel de Perseverança na peça de Château Vert (Castelo Verde), realizada em honra dos embaixadores imperiais. Embora a sua beleza não satisfazia aos paradigmas femininos da família Tudor (olhos azuis, cabelo loiro, pele clara), seu olhar penetrante, sua mente nítida e sua confiança em si mesma seduziram o rei Henrique irremediavelmente e mudaram a sorte da Inglaterra para sempre.
There’s something deep and dangerous in you, Anne. Those eyes of yours are like dark hooks for the soul. (The Tudors)
Há algo profundo e perigoso em si, Ana. Esses seus olhos são como ganchos escuros para a alma.
(Série The Tudors)
Uma mulher calculista e ambiciosa ou uma vítima inocente?
As tentativas de Henrique para remover a sua primeira esposa do trono e tornar a Ana a rainha poderiam ser observadas no filme The Other Boleyn Girl (2008):
I have torn this country apart for YOU.
Destruí este país por TI.
Essas ações, sem precedente na Europa, representam o início do rompimento da Inglaterra com o Vaticano. O Papa Clemente VII abnegou veemente o cancelamento do casamento, por isso Ana aconselhou Henrique a romper as ligações com Roma e a criar a própria Igreja, Igreja da Inglaterra (Igreja Anglicana), porque o rei é protegido pelo Deus e o seu poder é absoluto, então deveria ser capaz de obter por conta própria o cancelamento do casamento.
Marquesa de Pembroke tornou-se esposa de Henrique a 25 de janeiro de 1533 e a 1º de junho de 1533, depois que o primeiro casamento com Catarina foi declarado inválido, a última esposa do monarca, coroada separadamente de seu marido. Ela foi amante de Henrique, depois disso tornou-se sua rainha e, aos 29 anos, foi sua vítima.
A queda em desgraça de Ana Bolena
O início do fim é representado pelo parto, em 7 de setembro de 1533, do primeiro filho do casal real, que não foi o menino tão prometido e desejado, mas uma menina, a futura rainha Isabel I de Inglaterra. O princípal motivo pelo divórcio de Henrique de Catarina de Aragão foi a sua incapacidade de oferecer-lhe um herdeiro de sexo masculino, o que Ana lhe prometeu e depois outras duas gestões mal sucedidas, mas não tive a oportunidade de lho oferecer.
Sem o apoio incondicional de Henrique, que se tornou insatisfeito e aborrecido com ela, Ana não era amada por ninguém: nem do povo que muitas vezes a chamava “prostituta insolente”, nem da corte real. O divórcio de Catarina representou para o povo a perda duma rainha fiel e generosa em desfavor duma “prostituta”, sem escrúpulos, aliada com o Diabo que trouxe o Protestantismo na Inglaterra.
A mulher enérgica, poderosa e carismática tornou-se insegura, tratada com escárnio e odiada por todos. O amor forte, que não conhecia nenhum impedimento, entre ela e o rei, foi substituído por mentiras, traições e enfim, pelo mais cruel gesto feito dum rei da Inglaterra no que diz respeito à sua esposa, a condenação à perda de cabeça na guilhotina. Isso vem em oposição com a sua descrição“A mais feliz”.
Henry VIII: Have I made you unhappy ? Anne Boleyn: I will only be unhappy if you ever stopped loving me
(The Tudors)
Henrique VIII: Te fiz infeliz? Ana Bolena: Vou ficar infeliz só quando não me amares mais.
(Série The Tudors)
Enquanto o seu amor e devoção por Henrique estavam a aumentar, querendo fazer-lhe feliz, oferecendo-lhe o filho tão desejado, o rei já tinha conhecido a sua futura rainha (Joana Seymour) e procurava uma modalidade de remover Ana da paisagem.
A verdade sobre Ana Bolena
Foi uma mulher jovem que enfrentou muitos obstáculos em nome do amor, mas, em comparação com qualquer outra esposa de Henrique, não abaixou a cabeça humildemente diante da sua falta de respeito. Não importava a causa, Ana sustentou fortemente as suas ideias num mundo em que a mulher devia ser obediente, é isso, que hoje em dia seria apreciada, custou-lhe, além de outras coisas, a sua vida.
Ainda que o seu marido fosse a pessoa que enganou muitas vezes suas esposas, que desconsiderou suas filhas, que torturou e que destruiu destinos, Ana, como mulher, é demonizada na história por sua força de caráter, apesar de ser sempre fiel a Henrique e querer o bem para o povo.
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Depois de séculos inteiros em que a mais conhecida mulher do século XVI foi retratada nos livros como uma manipuladora, uma bruxa e uma materialista, o novo livro de Hayley Nolan, intitulado Ana Bolena: 500 anos de mentiras “provoca as fontes convencionais utilizadas muitas vezes para explorar a vida de Ana Bolena, sublinhando ao mesmo tempo os esforços humanitários, religiosos e políticos da rainha.”
Dois meses antes da sua execução, Ana Bolena foi implicada na adoção da legislatura ao nível nacional , intitulada “A lei da pobreza”, que especificava que os oficiais locais deveriam encontrar emprego para os desempregados. A lei pressupunha a criação dum novo conselho de governo para rivalizar com o governo de Cromwell:
Não era uma tirana implacável ou uma sedutora; ela foi de fato uma figura política que morreu porque promoveu essa lei radical contra a pobreza, no Parlamento.
Enquanto a criação da lei foi por muito tempo atribuída a Cromwell, a implicação de Ana Bolena foi reconhecida como parte da Semana do Parlamento do Reino Unido desde o mês de novembro de 2019. “A sua história é mais relevante agora do que nunca, porque foi uma política que foi removida” diz Nolan. “Isso ainda acontece; por isso devemos encontrar o que aconteceu de verdade para nos assegurar que a história não se vai repetir.”
A morte da rainha, o início duma lenda
O destino da Inglaterra estava ligado ao seu destino (trágico) que acabou no dia de 19 de maio de 1536. Presa na Torre de Londres a 2 de maio de 1536 por adultério e traição e executada a 19 de maio no mesmo lugar por decapitação, Ana Bolena piedosamente profere as suas últimas palavras ao povo inglês.
Preparando-se para a execução, a assim chamada “Ana dos mil dias disse”:
“Vivi uma rainha e uma rainha vou morrer (…)!”.
Ana Bolena foi uma dos mais poderosas e importante personalidades de sexo feminino do século XVI, sendo erguida do estatuto de simples amante a rainha da Inglaterra. Ela foi recompensada com amor, riquezas, influência, fama e posteriormente poder, só para perder tudo num instante.
Bons cristãos, vim aqui para morrer, porque de acordo com a lei e conforme a lei foi julgada para morrer e, portanto, não me oponho. Se esse fim foi a vontade de Deus para mim, não estou aqui para acusar ninguém ou falar sobre o motivo por que sou acusada e condenada à morte, mas rogo a Deus que salve o rei e lhe ofereça um longo reinado, porque um príncipe mais suave e gentil nunca existiu: e para mim ele foi sempre um bom senhor e um soberano gentil.
E se alguém estiver interessado no meu caso, pedirei que me julgue com bondade. E então eu digo adeus ao mundo e a todos vocês e quero de todo o meu coração que roguem por mim.
(chroniques-histoire.com)
Depois de terem terminado de ler este artigo, podem também ler o nosso artigo sobre A mulher virtuosa e as suas 7 qualidades na concepção de Salomão!
Fontes: Anne Boleyn Anne Boleyn Anne Boleyn Anne Boleyn
- The Tudors
- Anne Boleyn
- Anne Boleyn Has Had a Bad Reputation for Nearly 500 Years. Here’s How One Historian Wants to Change That
- The times of the Tudors
- 10 Fascinating Facts About Anne Boleyn
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